Jornal 000 – Junho de 1999

Serras da Pampilhosa…

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Eis, dir-se-ia, finalmente, o Jornal da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra.
A ideia do Jornal, sendo já antiga, teve especial alento nos últimos tempos e a actual Direcção da Casa do Concelho teve agora condições de editar o primeiro dos, esperamos e acreditamos, imparáveis números deste Jornal.
O que nos move é, sempre, o querermos servir o nosso concelho e, naturalmente, darmos uma palavra ao Regionalismo e aos Regionalistas.
Aliás, não há mesmo modo de servir o concelho de Pampilhosa da Serra sem que aquele e estes estejam presentes, hoje, como sempre o fizeram.
Está por fazer a “história do Regionalismo” pampilhosense e não seremos nós a executá-la, desde logo porque, confessamos, estamos demasiado imbuídos nesse movimento para que possamos fazer uma análise isenta e desapaixonada como toda a real história o deve ser, sem se esquecer que somos, todos, coevos desse desiderato e a história não deve ser executada por quem dela faz parte.
Mas o que mais revela, e porventura contra alguns ventos e, por que não dizê-lo, vontades, o Movimento do Regionalismo está ainda vivo e dele não se pode falar como fenómeno de anos e, sobretudo, de gerações idas.
Reconhecemos que estamos a atravessar uma crise.
Recusamos a ideia de que se trata de uma crise de valores, da capacidade humana dos que actualmente servem o Regionalismo.
Estamos certos – e oxalá que não estejamos enganados – que se trata de uma “crise de identidade” e de, sobretudo, alguma dificuldade em adoptarmos novas posturas perante todas as modificações na estrutura social da sociedade civil em que o Regionalismo se movimenta.
É exactamente por termos a noção cobrada dessa realidade que em Agosto próximo estaremos, todos, na sede do nosso concelho a discutir, em Congresso Regional, os nossos problemas.
E é precisamente por causa desses “nossos” problemas, dessas “nossas” vicissitudes que surge este Jornal que se pretende mensal e, sobretudo, um Jornal de Assinantes, sem prejuízo de se proceder em certos “ardinas” à venda directa; daqui, o nosso primeiro apelo, o de o assinarem.
Sendo um Jornal de uma Casa Concelhia dele não pretendemos ser o tema principal; o “Serras da Pampilhosa” destina-se, sobretudo, às forças vivas do nosso concelho, Ligas, Comissões de Melhoramentos, Associações congéneres, Instituições e Associações públicas e privadas cuja actividade se desenrole no nosso concelho e que toquem no tecido social da sociedade civil.
O “Serras da Pampilhosa” vai ter várias Secções cada uma delas com um objectivo próprio.
Todos nele terão assento e não seremos situacionistas.
Do ponto de vista institucional, a Casa do Concelho manterá sempre um diálogo com as forças vivas do nosso concelho, em especial com a Câmara Municipal e independentemente de quem esteja na sua presidência.
É o povo de Pampilhosa da Serra quem escolhe, livre e democraticamente os seus representantes, e a nós só nos resta respeitar essa opção.
Contudo, não abdicaremos nunca de manifestar as nossas posições, ainda que sindicáveis, acerca do nosso concelho e de dar voz àqueles que se sintam dela necessitados.
Prometemos, desta feita, procurar, em diálogo aberto e transparente, soluções e plataformas de entendimento e, no que de nós depender, contribuirmos para um “contrato social regional”.
Terão, neste contexto, as nossas Filiadas e Associados um espaço para colocarem as suas preocupações, nomeadamente à Câmara Municipal.
Confiamos no bom senso das reivindicações e, em especial, no modo como as mesmas sejam apresentadas.
Por parte da Câmara Municipal, em manifestação de abertura democrática que cumpre sempre salientar, houve a promessa de responder sem rodeios às perguntas colocadas.
Estamos convictos de que tudo se desenrolará a contendo.
Nada mais querido para cada um de nós do que a nossa Aldeia sempre mais bonita do que a vizinha.
Mas nem todos conhecemos todas as aldeias do nosso concelho, daí a Secção, digamos a Rainha das Secções, “A Aldeia do Mês”.
Esperamos que dessa forma todos possamos conhecer melhor as nossas gentes e valores, tomando consciência da consistência do nosso património que nos incumbe defender e transmitir.
Sendo um Jornal Regionalista não poderemos deixar de dar um destaque especial aos Regionalistas, em especial aos que nos antecederam e contribuíram, decidida e decisivamente, para que tudo hoje seja possível.
Também as nossas crianças e juventude serão um parceiro privilegiado, criando-se, desde cedo, laços de comprometimento com o nosso movimento de forma a ele aderirem e continuarem.
Pampilhosa da Serra tem já hoje eventos culturais que justificam a criação de uma Secção própria onde se poderá encontrar um Roteiro das principais manifestações culturais, recreativas, desportivas, nomeadamente, sem se esquecer as imensas e tradicionais festas que ocorrem no nosso concelho.
Estas, em sumário, algumas das Secções que esperamos que o nosso querido leitor e assinante poderá encontrar no “Serras da Pampilhosa”.
Não podíamos terminar este Editorial sem uma palavra de explicação acerca do nome escolhido, “Serras da Pampilhosa”, sobretudo porque inicialmente outro estava na nossa mente.
Porém, tivemos conhecimento da existência de uma publicação com essa denominação, O Pampilho, e não queríamos, naturalmente, fazer nossa inspiração alheia.
Depois de muito reflectirmos, surgiu o de “Serras da Pampilhosa”.
A troca – isto é, em vez de Pampilhosa da Serra – não foi inocente.
Somos uma região de contrastes.
A quantidade e a qualidade dos recursos disponíveis estão na razão inversa aos valores e qualidades humanas dos Pampilhosenses.
Não foram as condições adversas que nos impediram de construirmos laços de solidariedade e de amor pelo próximo; bem pelo contrário.
Foi na miséria, no partilhar do “prato” (ou na ausência dele), que o nosso dever se funda.
É esse passado que nos honra e que nos incumbe passar o testemunho.
Todos somos homens de carqueja.

João Ramos

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